Cultivo Indoor x outdoor: como decidir qual a melhor forma de cultivar?

 Em Dicas de Cultivo

Para escolher a melhor forma de cultivar suas plantas – indoor ou outdoor, é preciso saber que elas se comportam e necessitam praticamente das mesmas coisas, independentemente de o cultivo ser ao ar livre ou não. Afinal, a ideia do cultivo indoor é justamente simular um ambiente natural e adequado para o desenvolvimento das plantas. E como nem sempre podemos desenvolver nossos cultivos em área externa apropriada, os critérios a serem utilizados na escolha do ambiente estão totalmente relacionados aos fatores limitantes de crescimento e aos recursos materiais disponíveis.

Espaço físico 

A decisão pelo espaço de cultivo geralmente não é uma escolha do cultivador, e sim, uma condição inicial e pré-definida. Isso porque a diferença se baseia em circunstâncias bem diferentes. Veja, um quarto, um armário, um canto ou parte da casa já é suficiente para realizar o cultivo indoor. A partir daí, evidentemente, será necessário considerar também os outros fatores – que vamos abordar nesse texto – e quais adaptações e intervenções no espaço serão necessárias para ajustar iluminação, temperatura, etc.

Para optar pelo cultivo outdoor você precisa de um espaço externo, ao ar livre, descoberto e com área disponível. Isso significa um quintal com área verde, e não apenas uma sacada ou uma janela. A iluminação adequada será essencial principalmente no caso de plantio externo, onde a variação climática também deve ser considerada como influência sobre o espaço físico.

Para além da temperatura, umidade e ventilação, fatores que vamos considerar mais adiante em outro tópico, o que chamamos de “clima” se refere à variação desses fatores ao longo do dia e ao longo dos meses.

Locais com alta amplitude térmica exigem mais atenção, mas no geral, em países subtropicais como o Brasil, não é uma problemática significativa o suficiente para impedir ou destruir o cultivo como casos de chuva com granizo, rajadas intensas de vento, neve, muito sol sem proteção, acesso de animais domésticos e silvestres e etc. Uma cobertura, mesmo que improvisada, auxilia na proteção contra as intempéries, mas exige mais atenção com calor e umidade.

No final, a conta deve ser feita pelo cultivador para conseguir organizar o melhor espaço possível.

Iluminação

No cultivo indoor a iluminação será oferecida por uma fonte artificial. A ideia, portanto, é escolher o tipo mais adequado considerando o custo-benefício da iluminação, os watts, cobertura, o tamanho do grow e a disponibilidade do recurso. É importante seguir as recomendações sobre o fotoperíodo para garantir um desenvolvimento constante.

Alguns medidores fazem a diferença neste e em outros processos indoor.

No plantio outdoor vale pensar que não é fácil para a planta se desenvolver em uma região que recebe entre 16 e 18h de sol (o que a planta até vai necessitar na fase vegetativa). Então, a plantação deve estar em uma posição de aproveitamento máximo da luz solar. Isso significa que cultivar numa sacada provavelmente é uma má ideia em vários aspectos, inclusive no que diz respeito à disponibilidade de luz durante o dia. Até é possível cultivar as plantas com menos luz solar, mas o desenvolvimento é diretamente proporcional a este quesito, então, provavelmente você levará mais tempo que o esperado em cada uma das etapas até a colheita. O uso de iluminação artificial pode ser necessário em alguns casos para complementar as horas de luz.

Condições do ambiente (temperatura, umidade, CO2, ventilação)

O cultivo indoor permite um controle maior desses fatores, que são limitantes no desenvolvimento das plantas.  Dentro de casa, em uma estufa por exemplo, a temperatura e umidade provavelmente serão muito mais estáveis que na área externa, além de mais facilmente controláveis com aparelhos de ar condicionado, ventiladores, umidificadores e etc. Mesmo sem esses equipamentos, o simples isolamento do ambiente externo já garante algumas estabilidades e benefícios.

Além disso, há diversas soluções disponíveis para os problemas de fatores limitantes no cultivo indoor. Novamente, em um espaço limitado é muito mais fácil controlar o ambiente. Também há maneiras de proteger o cultivo das condições adversas que possam afetar o grow.

As plantas se desenvolvem melhor em temperaturas moderadas, entre 21°C e 29°C.  Com o uso de CO2 é preferível que esteja entre 26°C e 29°C. O intervalo de 22°C a 25°C é o recomendado para que o grow cresça o mais rápido possível.

Cultivos externos estão naturalmente muito mais sujeitos a sofrer com alterações climáticas e precisam se adaptar ao ambiente com menos recursos de apoio. O uso de cobertura, ventiladores, borrifadores de água, rega manual e de medidas de emergência podem ser definitivos para o sucesso do cultivo. É preferível que se escolha plantar em locais mais secos, pois é difícil lidar com o excesso de umidade na área externa. Essa condição é mais propícia ao aparecimento de pragas especialmente fungos. O outdoor exige diferentes cuidados conforme a estação do ano. Há algumas técnicas e dicas para prevenir danos causados pela exposição ao clima natural.

Ataques de pragas 

Qualquer ambiente é suscetível ao ataque de pragas. Então, pouco importa se o plantio é dentro ou fora de casa. As condições para que as pragas ataquem o grow e as medidas adotadas contra isso se assemelham em ambos os tipos de cultivo. Normalmente a contaminação da estufa se dá diretamente pelo cultivador, que acessa o ambiente carregando esporos, ovos e larvas. No cultivo outdoor, além dessas, certamente outros tipos de pragas vão chegar até a plantação.

Quanto aos métodos de tratamento e prevenção, podemos identificar diferenças aplicáveis. Por exemplo, não é recomendado utilizar alguns controladores biológicos de pragas no cultivo indoor, bem como não é possível “aspirar” as plantas na área externa. Recomendamos duas leituras principais sobre as pragas que contemplam soluções para ambos os cultivos: Fungos nas plantas e Como combater as pragas no cultivo indoor (também é aplicável em várias condições ao outdoor).

Via de regra, é mais fácil prevenir, controlar e combater as pragas no cultivo indoor justamente pela possibilidade de privar a planta de todo possível contato com essas doenças, mantendo a boa higiene do grow e certos cuidados ao acessar as plantas.

Tipos de vasos

O tipo de vaso a ser utilizado vai depender das situações as quais a planta será submetida. Por isso tem relação com a decisão do indoor x outdoor. Na estufa, os vasos não precisam encarar o sol, chuvas e outras alterações. Por isso, podemos indicar o uso de vasos de plástico que são bem práticos e mais leves.

 Já na área externa, o mais recomendado é o uso de vasos de barro, que mesmo submetidos a sol e chuva não se decompõe tão fácil e nem liberam substâncias que alteram a composição do solo. O plástico por exemplo pode ficar quebradiço.

 Vasos de feltro, disponíveis na growshop da Green Power são uma excelente escolha em ambos os casos. Neles, ocorre a intensa oxigenação das raízes, o que contribui para o aumento de microorganismos do solo. Quando as raízes atravessam a parede do power pot, elas entram em contato com o ar e são “podadas”, ou seja, impedidas de crescer ilimitadamente em círculos. Assim, se ramificam e aproveitam melhor os nutrientes disponíveis no solo.

O cultivo externo direto na terra sem o uso de vasos é um outro processo que exige diferentes cuidados quanto a irrigação, nutrição e a estabilidade do ambiente. Posteriormente traremos textos específicos sobre o assunto, bem como sobre sistemas hidropônicos, mas por hora focamos nos tipos de cultivo mais comuns.

Resumindo, não existe uma regra definida para determinar se o cultivo dará mais certo na área interna ou externa. Ambas as situações são possíveis e o que ocorre é a dependência de diferentes fatores de influência sobre as plantas. Sem uma área adequada e em uma cidade com clima instável, não será possível obter uma boa colheita outdoor, bem como não se consegue produzir bem indoor em um quarto fechado e sem recursos de iluminação necessários.

Em termos de eficiência, o cultivo indoor costuma possibilitar uma produção mais bem aproveitada disponível quando utilizadas as técnicas de melhoria do desenvolvimento das plantas e também quando a ideia é produzir apenas para o próprio consumo. Mas para plantações maiores e com menor investimento em iluminação e controle de fatores, evidentemente o mais adequado é optar pelo cultivo outdoor.

Como manter a privacidade do grow

Sim, essa é uma questão importante! Normalmente, cultivadores outdoor buscam lugares mais reservados e afastados para cultivarem suas plantações. É indicado escolher áreas de acesso mais difícil, inclusive por animais domésticos. Mesmo no cultivo indoor, a privacidade deve ser considerada. Numa casa dividida com outras pessoas é importante que todos saibam sobre as plantas e concordem com a permanência delas. Assim como crianças, o cultivo necessita de cuidados especiais por parte do cultivador. Evitar exposições exageradas em janelas, áreas próximas aos vizinhos e a rua são medidas de precaução simples, mas que fazem diferença.

Quando vale substituir um cultivo pelo outro

 Normalmente as perguntas e comentários de leitores que recebemos aqui no blog referem-se às possíveis mudanças do grow outdoor para o indoor. A justificativa costuma ser semelhante: alguma alteração climática extrema que coloca em risco a plantação. Nesses casos, recomendamos a mudança do cultivo para a área interna, assim evita-se mais prejuízos.

A mudança para a área externa não faz muito sentido pelo fato de o cultivador já ter montado um novo grow. O possível estresse de alteração total de ambiente poderia prejudicar as plantas. É possível economizar na conta de luz utilizando a luz solar em alguns momentos do dia ao invés da iluminação artificial.

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