Clonagem de cogumelos com ágar: uma forma de continuar a linhagem
Clonagem de cogumelos com ágar é para você, amigo cultivador, que tem interesse em dar continuidade a sua linhagem cultivada, sem ser através da coleta de esporos, a clonagem de tecido do cogumelo é exatamente o que você precisa fazer.
E o que seria a clonagem de cogumelos?
A clonagem é uma forma de reprodução sexuada, Isso significa que o cultivo que utiliza técnicas de clonagem pode trazer menos variabilidade do que um cultivo baseado em esporos (que é via reprodução sexuada).
Na teoria, clonar consiste em simplesmente retirar um pedaço de seu tecido interno estéril e colocá-lo em meio de cultura – também estéril – para a retomada do seu crescimento. Para saber um pouco mais sobre o que são os meios de cultura feitos com ágar, confira nosso artigo anterior. A clonagem deve ser sempre feita em uma glovebox ou em frente ao fluxo laminar.
Selecionar qual cogumelo vai ser clonado deve ser preferencialmente direcionado a um fruto ainda jovem. Frutos jovens ainda estão em um estado de divisão celular vigoroso e vão se recuperar mais rapidamente do “choque” da clonagem.
Passo a passo para a clonagem de cogumelos com ágar
- Pegue seu cogumelo escolhido e borrife água oxigenada por toda a superfície externa.
- Introduza-o na sua glovebox já previamente sanitizada.
- Rasgue o cogumelo ao meio utilizando as mãos, evitando ao máximo tocar o interior do fruto. Aqui, é melhor rasgar o cogumelo do que cortar ele ao meio. Ao cortá-lo, empurraremos com a lâmina quaisquer possíveis contaminantes que estão na parte exterior do cogumelo para a parte interior.
- Pegue o bisturi estéril (a lâmina 11 é a mais comum, mas use o que melhor lhe servir) e retire um pequeno pedaço da carne do cogumelo sem encostar a lâmina em nenhum local que não seja o interior do fruto, pois apenas ali temos um tecido estéril. É comum que a coleta do tecido seja feita da base da estipe ou da região do chapéu acima das lamelas. Esses são bons locais de coleta de tecido. A base é um bom lugar por conta da quantidade de células ali compactadas, enquanto as células próximas ao chapéu estão bem ativas neste ponto do ciclo de vida do fungo.
- Transfira o pedaço seccionado para o meio de cultura. Quando abrir a placa em sua glovebox, levante a tampa o mínimo possível e sempre faça mais de uma placa para aumentar as chances de sucesso e ter mais opções de micélio para selecionar depois.
- O bisturi deve preferencialmente ser trocado a cada vez que uma clonagem for feita, ou flambado caso esteja em uma câmara de fluxo laminar.
- Ao finalizar o procedimento, as placas de petri devem ser vedadas com filme PVC ou com fitas especiais para enxertia. O uso de vedação com fitas especiais para placas de petri como o Parafilm não é necessário. Grandes cultivadores e diversos laboratórios de microbiologia, fitopatologia e biotecnologia de excelentes universidades utilizam a técnica do PVC para vedar suas placas de petri.
- Nomeie as placas com a genética clonada, com algum nome que separe ela das outras clonagens, a data, o meio de cultura.
- Leve-as à incubadora para que o micélio possa se desenvolver. Deixe 24 h a placa virada para cima e então pode virá-la com a tampa para baixo. Isso é apenas para garantir que o pedaço de tecido se aderiu ao meio de cultura, evitando que ao virar a placa muito precocemente o mesmo possa cair.
- Em alguns dias você já poderá observar o crescimento do micélio e também o aparecimento de contaminações caso tenha ocorrido.