Rendimento do grow: Planeje e execute ações para um cultivo produtivo

Postado 1 de agosto de 2019

Torcer para que tudo dê certo durante o cultivo de suas plantas é até legal. Mas o rendimento do grow não é resultado de uma passe de mágica. É decorrente de planejamento e da execução correta que vai ajudar para que as plantas “vinguem” e proporcionem uma ótima colheita. Mas quando o assunto é rendimento, mesmo no caso do grow, é preciso ir além – e vamos.

Planejamento para garantir o rendimento do grow

Pela teoria e conceitos de física, o rendimento é a razão entre a potência útil (utilizada) e a potência total (aplicada). Ou seja, o resultado nos permite interpretar quanto da potência que estamos fornecendo para algo está realmente sendo utilizada e transformada em resultado.

Pensando no funcionamento do grow seria mais adequado utilizarmos a medida de rendimento pensando em colheita – o objetivo final pelo menos de algumas fases do cultivo. O cálculo do rendimento de um grow infelizmente não pode ser feito com fórmulas e calculadora porque depende de múltiplos fatores associados ao cultivo, desde a qualidade da semente até a quantidade de fertilizante utilizado.

Antes de iniciar o plantio normalmente se realizam pesquisas relacionadas à rotina e cuidados com as plantas, mas também orçamentos e estudos sobre o investimento financeiro necessário para plantar, seja indoor ou outdoor. Nessa etapa, deve-se levar em consideração:

O tamanho do grow

Quando pensamos em pequeno porte, dificilmente vamos encontrar um produtor que consiga obter mais de 150g a 200g de flores na colheita, às vezes cultivadores menos experientes se frustram com o resultado já que esperam valores muito mais altos. Entretanto grows de 3’x3’ (medida em pés – 0,9 x 0.9m) podem chegar a render até 600g dependendo da qualidade dos outros fatores. Primeiro entenda o espaço que tem para cultivar e a partir disso comece a projetar os investimentos em equipamentos conforme suas possibilidades.

A variedade

A variedade escolhida para cultivar influencia muito na produtividade. Primeiramente porque variedades diferentes de plantas exigem e necessitam de recursos diferentes, mais ou menos água, proporções de nutrientes, etc,. A exemplo, Sativas requerem cerca de 66w por pé quadrado para um bom desenvolvimento, enquanto que híbridas entre 50-60w e Indicas 40-45w.

Normalmente conseguimos obter essas informações no momento da compra da semente. O mesmo vale para cultivos iniciados com mudas ou clones. A qualidade da semente nesse caso também é considerada, por isso um cultivo iniciado com sementes incertas ou de qualidade inferior tende a ser muito menos produtivo.

A disponibilidade de nutrientes

Já discutimos muito sobre isso aqui do blog. A oferta e absorção de nutrientes é essencial para uma alta produtividade. Aqui trata-se não apenas de realizar a fertilização corretamente, mas também a qualidade do substrato e frequência de rega.

Evidentemente, uma planta que recebe tudo o que precisa para crescer saudável será muito mais produtiva do que àquelas que tiverem que aproveitar nutrientes escassos. É importante também levar em consideração às necessidades nutricionais de cada fase do desenvolvimento.

Demais recursos e fatores limitantes

Além da quantidade de água e nutrientes, outros fatores como quantidade de CO2, luz, umidade e temperatura também limitam o crescimento das plantas. Nas leituras teóricas antes de iniciar o cultivo é muito recomendado que você busque aqui no blog os textos que abordamos esses fatores. Há muita informação sobre isso disponível e fazer bom uso delas é essencial para um cultivo produtivo.

Com exceção de algumas técnicas de treino de plantas, buscamos não estressá-las e a melhor maneira de fazer isso é garantindo que recebam o que lhes é necessário. Aqui entram alguns investimentos possivelmente mais altos como a escolha entre uma estufa pronta ou fabricar uma caseira, sistemas de circulação de ar, controladores de temperatura e umidade e a iluminação. Sobre a luz vamos discutir mais para frente.

E o que dizer para quem espera um rendimento de 100%?

Um rendimento de 100% é impossível em qualquer escala e parâmetro. Sempre haverá perda de energia. Fisicamente essa energia se perde em calor, vibrações e ruídos, mas no cultivo é uma questão mais biológica.

Assim como nós, os outros seres vivos, por exemplo, também não absorvem todos os nutrientes que ingerem, e nem utilizam 100% da luz solar que recebem. Por isso, o rendimento total, ou seja, que prevê que tudo aquilo que ofertamos às plantas se transformará diretamente em resultado na forma de flores, não pode existir e precisamos considerar as perdas do processo.

Diante desta constatação, o objetivo deve ser obter o máximo possível de retorno, buscando suprir as necessidades das plantas confortavelmente. Lembre-se que mesmo em um grow de pequeno porte é preferível que se cultive menos plantas, mas maiores, do que um número maior de plantas de menor tamanho. Os pés que crescem mais antes de florescer e se desenvolvem grandes e largos são muito mais produtivos.

A importância da iluminação no rendimento do grow

Nunca é demais lembrar que o título de maior influenciador direto de rendimento do grow é, sem dúvida, a iluminação. Artigos e trabalhos científicos desenvolvidos em outros países, utilizam a quantidade de watts e o tipo de lâmpada escolhido para prever justamente o rendimento do grow.

A alta variação de valores previstos para colheita condiz com o que conversamos anteriormente sobre os fatores limitantes e a qualidade dos recursos e equipamentos. Resumidamente, o tipo de lâmpada e a potência são os principais parâmetros do rendimento, mas os demais fatores influenciam dentro da faixa de valores prevista no cálculo. Vão algumas dicas:

– Lâmpada de 150w produz entre 50-135g;

– Lâmpada de 250w produz algo entre 85-225g;

– Iluminação com 400w produz entre 130-350g;

– Iluminação com 600w produz entre 250-660g (melhor potência para as HPS);

– Iluminação com 1000w produz entre 375-1000g;

– Lâmpadas MH (metal halide) não são tão eficientes quanto as HPS e produzem 10% menos flores em comparação no mesmo número de watts. Entretanto, as MH emitem mais luz UVB, o que aumenta a potência;

– Fluorescências emitem 25-30% menos luz por watt que às HPS.

Rendimento com o uso de lâmpadas de LED

As lâmpadas de LED são as melhores emissoras de PAR. Por mais que as HPS emitam por watt mais luz, os LEDs são duas vezes mais eficientes em emissão de PAR. Dessa maneira, fizemos as seguintes correlações:

– Uma lâmpada de LED 200w substitui uma HPS 400w, enquanto que LED 300w substitui HPS 600w;

– LEDs podem ser utilizados combinados com outras lâmpadas. Neste caso, por exemplo, um grow que recebe 400w de uma fonte HPS, pode passar a 600w, utilizando-se um LED 100w.

Padrão para ter unidade no rendimento

Atingir o melhor rendimento do grow possível passa necessariamente por adotar um padrão em todo o processo de cultivo. E a melhor maneira de conseguir isso é criando uma rotina.

Essa rotina é fácil para cultivadores mais experientes, mas tentativa e erro fazem parte do processo de aprendizagem de quem decidir iniciar o próprio grow. Por mais que o padrão seja desejado, o foco é, na verdade, padronizar a qualidade dos recursos e não sua quantidade. Como sabemos, durante o seu desenvolvimento a planta passará por diferentes fases, nas quais devemos adaptar a fertilização, iluminação, fotoperíodo, entre outros fatores.

Por isso, o importante é oferecer o necessário para um crescimento saudável. Se o objetivo for a alta produtividade, deve-se dar atenção aos detalhes, investir em equipamentos e recursos melhores e uma opção também pode ser treinar as plantas. O padrão que deve ser mantido é sempre estar atento e realizar os processos de maneira cuidadosa.