Floração ao consumo: guia básico para não errar na colheita

 Em Dicas de Cultivo, Dicas Green Power

Definir a hora da colheita é um dos momentos mais delicados para quem tem o próprio cultivo. A maior parte dos guias consideram o momento correto para colher com base nas semanas de cultivo. Esse método é interessante, mas não muito preciso visto que o desenvolvimento das plantas depende de vários fatores internos e externos ao grow como o fotoperíodo (tempo de exposição à luz que as plantas recebem a cada dia), o tipo de substrato, o clima do local, entre outras variáveis. A indicação clássica é para que a colheita seja feita entre oito e dez semanas.

Alguns cultivadores mais experientes preferem utilizar métodos mais empíricos e observacionais, atentando para a cor dos Tricomas (pequenos apêndices que promovem a proteção do vegetal e produção de substâncias ativas como os terpenos). A dica é realizar a colheita quando cerca de 1/4 dos tricomas estiverem com a coloração marrom e o restante permanecer em tons brancos e leitosos. A observação pode ser feita a olho nu, mas uma lupa auxilia o processo, permitindo a verificação mais precisa da mudança da cor do transparente ao branco leitoso e, em seguida, ao tom âmbar (que a olho nu parece amarronzado).

Além das cores dos tricomas, outra característica que pode ser levada em consideração é a cor da estrutura reprodutiva feminina das plantas – os pistilos – que utilizamos para identificar o sexo do vegetal. Durante o primeiro mês de cultivo, os pistilos absorvem água e, ao final, já estão bem hidratados e por isso apresentam a cor branca. Começam então a murchar e escurecer durante o período de amadurecimento das flores. Quando cerca de 30% dos pistilos estiverem amarronzados é sinal de que a planta está bem próxima de atingir o máximo de substâncias ativas que irá produzir durante a vida. Por isso, recomenda-se que a colheita seja feita neste momento.

 

Instrumentos, equipamentos e soluções utilizados da floração ao consumo  

Não é necessário fazer uso de muitos instrumentos e materiais para uma boa colheita pois o processo é bem manual e instintivo. Na Green Power você encontra todos os itens necessários que podem auxiliar neste momento:

Fertilizante para floração 

Tesoura grande e de manicure 

Rede de secagem

Pote hermético 

Balanças

 

Passo a passo da colheita 

A sequência da colheita pode variar conforme a experiência e o interesse do cultivador, mas algumas etapas básicas sempre deverão ser cumpridas. Segue um passo a passo prático do processo:

 

Fertilização final e Flush

Existem produtos desenvolvidos especialmente para a fase final do cultivo que quando aplicados melhoram o sabor e aroma das flores. A aplicação de sulfato de magnésio até a quinta semana da floração, ou de fertilizantes NPK equilibrados com menor quantidade de Nitrogênio e maior de Potássio e Fósforo, aumenta a produtividade e a qualidade da floração. Chegada a fase final do cultivo é recomendado que já se deixe de utilizar compostos químicos e use, por exemplo, melaço de cana-de-açúcar, que traz muitos benefícios, sobretudo no sabor final das flores, além de ser natural e barato.

Cerca de 14 dias antes da colheita deve-se interromper por completo a fertilização pois as flores acumulam esses compostos que causam amargor no produto final. Deve-se então regar as plantas apenas com água. Para os cultivos em vasos também é recomendado que se realize o Flush, ou seja, uma lavagem do solo para eliminar completamente os resíduos de produtos químicos. Para realizar o processo, basta aplicar um excesso de rega até que os nutrientes presentes no meio de cultivo sejam dissolvidos.

 

Última rega e ar seco

A recomendação é que se faça a última rega cerca de dois a três dias antes da colheita já que o grow deve estar mais seco para o corte. Assim, as plantas iniciam a desidratação de maneira lenta, o que contribui para o aumento da produção de resina. Esta é produzida naturalmente pela planta para proteção contra condições quentes e secas quando a umidade do ar está baixa.

 

Corte-colheita

O método mais clássico de colher envolve cortar a planta inteira e então pendurá-la para baixo para iniciar a manicure das folhas. Deve-se cortar primeiro as maiores e depois as menores com atenção para a seleção das folhas pequenas que também contém tricomas. Alguns cultivadores preferem cortar primeiro os ramos superiores e deixar os inferiores maturarem por mais alguns dias antes de cortá-los. A forma como são feitos os cortes influenciam na secagem das plantas. Se estão muito grandes para cortar, comece ceifando os galhos maiores e mais pesados ​. Uma dica é deixar sempre duas hastes ligadas em forma de “V”, pois facilita na hora de pendurar. Independente do método escolhido é importante manipular as flores ainda frescas pois a medida que secam, a manipulação pode fazer com que os compostos ativos se percam ou diminuam sua ação.

 

Manicure

Inicie a manicure removendo primeiro as folhas que não estão associadas a nenhum botão, geralmente as maiores, eliminando a matéria vegetal que não possui resina. A tesoura com lâminas afiadas e de bico fino facilita nessa etapa pois permite cortar exatamente na junção das folhas com os ramos. As menores que estão em meio as flores podem ficar por mais alguns dias enquanto começam a secar, assim será mais fácil removê-las sem perder as partes importantes, preferencialmente com uma tesoura menor. Depois que as plantas estiverem cortadas e aparadas já podem ser penduradas.

 

Secagem

O ideal é que as plantas sejam submetidas à secagem lenta por pelo menos 15 dias. Menos que isso pode resultar em uma produção com má qualidade pois a clorofila ficará aprisionada nas flores e folhas. Em regiões de clima seco e quente pode-se fazer um manicurado superficial deixando algumas folhas para secarem de forma mais lenta. Já em locais de clima úmido o ideal é deixar as plantas bem peladas para evitar a ocorrência de mofo. Os compostos ativos das plantas degradam com presença de luz, calor e umidade excessivos, portanto, realize a secagem em um local fresco, seco e escuro.

 

Cura

A cura é um momento muito importante da colheita. E justamente por ser o último passo às vezes é atropelado pelos cultivadores. Depois de meses de cultivo, parece frustrante ter que manter as flores em processo de cura por mais algumas semanas, mas faz total diferença na qualidade final da colheita. A planta estará seca quando as flores estiverem quebradiças. A partir daí deve-se cortar as flores e logo passar para o local de cura, o momento em que se retira a umidade final e se elimina todo resíduo de clorofila, fazendo com que as plantas adquiram seu melhor sabor e potência. 

A primeira fase do curado pode feita em caixas de madeira ou de papel arejadas em locais secos. Depois passa-se as flores para os potes de curagem como os herméticos, que as protegem da umidade exterior. Os potes nunca devem ser expostos ao calor e a luz. Na primeira semana do processo de cura, recomenda-se abrir o pote pelo menos duas vezes por dia para renovar o ar. Depois, pode-se fazer isso apenas algumas vezes na semana. A cura pode levar entre um mês e um mês e meio, podendo prolongar-se para obtenção de resultados ainda melhores.

Dica! Se surgirem gotículas de água no pote, a dica é retirar a erva e deixá-la ao ar livre por um tempo até secar.

 

Como armazenar as plantas colhidas

As flores secas precisam ser mantidas longe do calor e da luz. Existem no mercado atualmente contenedores perfeitos para esta fase com sistema de fechamento à vácuo que conserva os cultivos por muitos meses, evitando que acumulem umidade ou degradem. Uma opção também é manter a planta nos potes herméticos pois evitam que os odores escapem, devido ao sistema presente na tampa, que suga o ar interior para fora.

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