Cactos Peyote e São Pedro: Mescalínicos (Parte 1)
Em 1954 com “Portas da Percepção” e novamente em 1956 com “Céu e Inferno”, Aldous Huxley, que havia ganho renome com sua obra “Admirável Mundo Novo”, chamou a atenção do mundo para os fantásticos efeitos da mescalina, atraindo assim a curiosidade e o olhar do Ocidente para os cactos mescalínicos.
Desde tempos imemoriais diferentes povos indígenas das Américas vêm se valendo de espécies que contém mescalina na família cactácea em seus ritos culturais, notadamente aqueles de caráter xamânico (mas não só), constituindo uma verdadeira fitolatria em torno dessas plantas.
Cactos Peyote e São Pedro nas Américas
Entre as diferentes espécies de cactos onde se verifica a presença da 3,4,5-trimetóxi-fenetilamina, destacam-se o Peyote (Lohophora williamsii) na América do Norte e o São Pedro (Trichocereus pachanoi) na América do Sul.
O Peyote é de longe o cacto mescalínico mais conhecido, tendo logrado presença na cultura popular norte-americana em obras literárias e audiovisuais e estando hoje presente como sacramento em uma religião organizada de caráter sincrético que se espalha do México ao Canadá, a Native American Church.
Tradicionalmente o Peyote faz parte da cultura de diversos povos ameríndios, como os Huichol e Tarahumare, grupos esses que fazem peregrinações anuais para a coleta do cacto. Essas jornadas percorrem longas distâncias e são permeadas por ritos de cura e purificação, tanto do indivíduo como da comunidade. Com a utilização do cacto busca-se a comunhão com os ancestrais, a confirmação dos mitos de origem do grupo e o reforço dos laços comunitários e étnicos. Os Huichol associam o cacto a sua principal divindade, o cervo ancestral, atribuindo a planta um caráter divinal, cultuando-a, portanto.
Cactos Peyote como instrumento de cura
Os povos indígenas e os membros da NAC que fazem uso do Peyote têm esse como uma verdadeira panaceia universal, capaz de curar inúmeros males físicos e mentais, sejam esses causados por agentes materiais, pela trajetória de vida ou por causas espirituais. De fato, sabe-se da presença no cacto de vários princípios ativos com ação farmacológica comprovada. Entre esses temos a peiocactina (hordenina), que age como antibiótico de largo espectro, dando eficácia ao uso do Peyote, sob diferentes maneiras de administração, contra tuberculose, hemorragias, infecções, na facilitação do parto, no combate ao reumatismo e dores localizadas, no tratamento de queimaduras, picadas de insetos e cobras, bem como ferimentos, câncer, diabete, pneumonia, resfriado, cólicas, dores de dente, etc.
O uso do Peyote remonta a 8 mil anos, segundo o vestígio arqueológico mais antigo já encontrado, e o cacto tem sido encontrado em escavações da Arqueologia na região para todo o período desde então até o presente, mostrando sua importância cultural para os povos dessa área etnográfica.
Apesar de toda a perseguição da Inquisição da Igreja católica contra o uso sacramental do Peyote, sua presença nos relatos dos cronistas da colonização e seu uso atual comprovam a persistência e pujança desse uso.
Cactos Peyote e São Pedro, experiências
Os alcalóides presentes nos cactos mescalínicos, entre eles a mescalina, primam pelo gosto amargo ao extremo. Isso faz com que, em um primeiro momento, a ingestão desses cactos cause náusea e ânsia de vômito. É usual também sentir cólicas abdominais numa primeira fase da experiência. São comuns ainda efeitos fisiológicos como tremores e suores, elevação da temperatura corporal, do pulso e da pressão sanguínea bem como dilatação das pupilas. Após uma ou duas horas da ingestão tem início o conteúdo visionário da experiência, que pode durar até 14 horas seguidas. De começo vêm-se luzes e formas geométricas, logo então seguem-se cenas e paisagens, quer os olhos estejam fechados ou abertos, de acordo com a quantidade ingerida. Com os cactos mescalínicos pode-se experimentar os fenômenos da macropsia e micropsia, sinestesia, dissolução do ego, despersonalização, duplicidade do ego, ubiquidade e perda da noção de tempo. Algumas pessoas ouvem vozes, ruídos, sons e músicas imateriais e sentem cheiros e gostos ausentes no ambiente. É comum os participantes dos ritos de ingestão de Peyote e São Pedro ficarem em um estado de euforia e excitação, com uma a sensação de leveza. Com o término da experiência sente-se uma fome acima do normal, especialmente de doces, que apresenta-se mais forte do que a provocada por Cannabis.
Continua…
Muito top o texto, os efeitos lembram os da Ayahuasca ou santo daime
não querendo incentivar o uso de pisco ativos mais este cha provoca uma imensa mudança interior !
Provei uma pequena quantidade e só essa experiência já né davoreceu harmonizando meu corpo e clareando os pensamentos…. não querendo incentivar, mas foi significativo!
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